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CAIXA DE IMAGENS

Renato Dutra

Conheci o Vito em meados dos anos 80, em uma viagem de mochila até Búzios. Na época dava meus primeiros passos na fotografia e percebi que tínhamos uma grande paixão em comum: viajar. 


Ele sempre andava com uma Pentax ME Super, e  com ela conseguia resultados surpreendentes. Intuitivamente, possuía um senso crítico muito aguçado e não era comum sua maneira de viajar, pois, mais que fotografar, preocupava-se em escrever, gravar diários de bordo, além de ler muito a respeito das regiões que visitava, suas histórias e personagens. 


Demonstrava uma preocupação natural  em ver e ouvir, em registrar com delicadeza o mundo que  passava diante dos seus olhos e sempre vibrando, como um menino diante de cada nova experiência. Nascia ali o espírito documentarista.


Aos 23 anos já havia publicado várias matérias sobre suas viagens, mas foi sua primeira exposição, que aconteceu no MASP - Museu de Arte de São Paulo, que despertou seu interesse  em trabalhar exclusivamente com cultura.


Foram muitas  viagens e trabalhos, que fizemos juntos nesses vinte e tantos anos. Não sei quantos milhares de quilômetros rodados por todos os tipos de terrenos, navegando pelos rios da Amazônia, atravessando desertos na costa do pacífico, geleiras na Patagônia, frios intensos nas altitudes dos picos andinos e creio que esta obra encantadora é apenas um fragmento de tudo isso.


As fotos e crônicas aqui produzidas são parte do que ele carrega no peito, sua caixa de imagens, sempre dividindo com os amigos seu apaixonante trabalho de documentarista. É a revelação absoluta de que a América Latina foi e continua sendo o grande tema de sua vida.

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